Abordagem Inovadora de Hemofiltração para Choque Induzido por Protamina Após Cirurgia Cardíaca em um Ambiente de Baixos Recursos: Relato de Caso
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Resumo
O sulfato de protamina é rotineiramente administrado para reverter a anticoagulação pela heparina após a circulação extracorpórea (CEC). Embora geralmente bem tolerada, a protamina pode desencadear reações de hipersensibilidade graves, incluindo anafilaxia. O manejo dessas complicações é especialmente desafiador em ambientes com recursos limitados, onde o acesso a hemoderivados e terapias de suporte avançado é restrito. Um homem de 61 anos, portador de múltiplas comorbidades, foi submetido a revascularização miocárdica eletiva (CABG). Após uma dose-teste de 50 mg de sulfato de protamina administrada ao término da CEC, o paciente desenvolveu hipotensão profunda e choque refratário, não responsivo a vasopressores. Seguiu-se parada cardíaca, levando à re-heparinização e reinstituição emergencial da CEC. A protamina foi suspensa após a segunda decanulação. No pós-operatório, o paciente apresentou hemorragia maciça (~7 litros em 3 horas). O sangue autólogo foi recuperado por meio de um sistema de hemofiltração por gravidade (HemoClear®), com reinfusão de hemácias lavadas e ricas em plaquetas. Foram administradas quatro unidades de plasma fresco congelado e albumina. Após estabilização, uma dose reduzida de protamina (0,5 mg/kg) foi administrada com segurança duas horas após o procedimento. O paciente recuperou-se sem recorrência de eventos adversos. Este caso ilustra a importância do reconhecimento precoce e do manejo individualizado das reações de hipersensibilidade induzidas pela protamina. Em contextos com recursos limitados, a hemofiltração por gravidade pode representar um método viável de recuperação autóloga de sangue durante eventos hemorrágicos críticos.
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