Relato de Caso de Lesão de Artéria Subclávia Pós Re-dução de Luxação de Ombro Direito

Resumo

As luxações do ombro são eventos frequentes nos serviços de urgência, porém complicações vasculares associadas são raras, acometendo cerca de 1–2% dos casos. Entre elas, destaca-se a lesão das artérias axilar e subclávia, que apresenta elevada morbimortalidade e risco de amputação quando não reconhecida precocemente. Relatamos o caso de um paciente masculino, 79 anos, hipertenso e dislipidêmico, vítima de queda da própria altura com luxação glenoumeral direita. Após tentativa de redução incruenta sem sedação, evoluiu com sinais de isquemia e extenso hematoma. A investigação inicial incluiu tomografia sem contraste e ultrassonografia à beira-leito, que sugeriram trombose da artéria subclávia. Durante tentativa de embolectomia pela artéria braquial, evidenciou-se ruptura completa da artéria subclávia com gap de 7 cm, sendo realizado reparo por cirurgia aberta com enxerto de prótese de dacron®. O pós-operatório evoluiu com déficit motor significativo em membro superior direito, confirmado por ressonância magnética e eletroneuromiografia como lesão de plexo braquial. O paciente recebeu alta em uso de anticoagulação e permanece em acompanhamento, com recuperação parcial da mobilidade. O caso ilustra a importância do exame neurovascular sistemático em pacientes com luxação do ombro, sobretudo idosos e portadores de comorbidades, visto que a circulação colateral pode mascarar sinais iniciais de isquemia. Protocolos de atendimento e uso precoce de exames contrastados são fundamentais para reduzir complicações. Conclui-se que, embora rara, a lesão da artéria subclávia na redução de luxação do ombro deve ser sempre considerada, exigindo diagnóstico e intervenção imediatos para preservar a função e a viabilidade do membro.